No dia 21 de março, o Tribunal de Contas da União (TCU) vai assinar com
os Tribunais de Contas dos Estados, em Brasília, um termo de cooperação
para realizar uma auditoria coordenada para identificar os problemas
que afetam a qualidade do ensino médio no Brasil. No final, os tribunais
de contas estaduais vão encaminhar os resultados para o TCU que criará
um único relatório. A previsão é concluir o trabalho até dezembro. Será
uma ação inédita no país.
Sob relatoria do ministro Valmir Campelo, a auditoria tem como objetivo
fiscalizar as ações do governo voltadas para o ensino médio. A ação vai
avaliar nos estados índices de qualidade, como Ideb,
taxas de acesso, conclusão e evasão dos estudantes, quais programas
estavam previstos no plano plurianual (PPA) e de fato foram
implementados, currículo e diretrizes pedagógicas, infraestrutura das
escolas, qualificação dos funcionários e professores, condições de
trabalho oferecidas, gestão escolar, entre outros itens. Nesse trabalho,
prevê-se a participação de todos os tribunais de contas estaduais.
Um relatório divulgado pelo movimento Todos pela Educação nesta
quarta-feira (6) aponta que apenas 10,3% dos jovens brasileiros têm
aprendizado adequado em matemática ao final do ensino médio. Em língua
portuguesa, o índice de proficiência é de 29,2%.
Para Luiz Claudio Costa, presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a meta usada pelo Todos pela
Educação, que considera o aproveitamento acima ou abaixo de 70% do
conteúdo esperado em uma matéria, deixa de fora algumas nuances que
podem ajudar as escolas a, por exemplo, desenhar estratégias específicas
para elevar o aprendizado de alunos de 30% para 40%. "Nós precisamos
ter outra visão", diz.
saiba mais
Para Marisa Serrano, conselheira do Tribunal de Conta do Mato Grosso do
Sul, esta auditoria coordenada pode ser um dos caminhos para tirar o
ensino médio da crise. “Vamos ter a possibilidade de trabalhar em rede
sabendo que a junção das informações de cada estado vão servir para dar
um panorama nacional, principalmente no ensino médio que é o grande
gargalo da educação.”
Segundo a conselheira, é fundamental compatibilizar gastos e ações. “É
preciso avaliar o que está previsto no PPA e saber se as ações foram
feitas, já que não há fiscalização. Uma obra que é feita está pronta, é
diferente, mas ninguém fala de um projeto de ensino de português ou de
formação de professores. A mudança educacional é mais difícil”, diz.
Ideb x gastos
O Tribunal de Contas do Mato Grosso do Sul lançou na última segunda-feira (4) um livro que apresenta o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e Gastos em Educação (Ideb) e o gasto anual por aluno dos 78 municípios do estado.
O Tribunal de Contas do Mato Grosso do Sul lançou na última segunda-feira (4) um livro que apresenta o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e Gastos em Educação (Ideb) e o gasto anual por aluno dos 78 municípios do estado.
A publicação traz um ranking que dá uma visão geral do desempenho da
cidade em relação à aprendizagem e ao gasto público com a educação.
Mostra também a evolução - ou não - nos indicadores desde a criação do
Ideb, em 2005.
“Contribuímos com a análise de contas, agora as mudanças dependem dos
prefeitos. O tribunal de contas não pode dizer qual política pública
deve ser adotada”, diz a conselheira Marisa Serrano. “Descobrimos que o
ensino fundamental nas séries iniciais do Ideb está bem, o problema está
nas séries finais.”
Segundo Marisa, dos 78 municípios do Mato Grosso do Sul, 17 tiveram
nota mínima ou maior que 5 no Ideb nas séries iniciais do ensino
fundamental. No entanto, nas séries finais apenas a capital Campo Grande
atingiu este indicador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário